segunda-feira, 11 de abril de 2016

[30/12/2011] Rooney Mara e David Fincher - Interview Magazine


O Rooney Mara Brasil inaugura hoje a seção "Press Archive" (Arquivos de Imprensa), que, como o próprio nome sugere, tem o objetivo de reunir um acervo de entrevistas e artigos sobre a Rooney ao longo de sua carreira. Ao menos uma vez por semana, traremos traduções de textos originalmente publicados em periódicos estrangeiros. Boa leitura!

"Rooney Mara e David Fincher"

Por: Rooney Mara e David Fincher
Veículo: Interview Magazine
Fotos: Jean-Baptiste Rondino

30 de dezembro de 2011

Caso você não tenha ouvido, em 21 de dezembro o mundo vai finalmente testemunhar o desempenho de Rooney Mara, 26, como uma das mais astutas, enigmáticas e pouco ortodoxas anti-heroínas a entrar na consciência pop em décadas . Mas antes mesmo que Mara fosse escalada para o papel, a questão de quem iria interpretar a desafiadora hacker-detetive Lisbeth Salander na nova adaptação cinematográfica do diretor David Fincher de "Os Homens Que Não Amavam as Mulheres" era um tema quase como tão debatido e infinitamente escrutinado quanto o próprio livro.

Fincher começou a escalação para Millennium – baseado no primeiro romance da trilogia policial best seller do escritor sueco falecido Stieg Larsson – na primavera de 2010, logo após terminar seu filme ganhador do Oscar que conta a origem do Facebook, "A Rede Social", e admite que depois de ver uma série de candidatas para o papel de Lisbeth, algumas delas até bem conhecidas, ele começou a se perguntar se o tipo de atriz que estava procurando poderia mesmo existir. Em seguida, um de seus produtores sugeriu Mara, que havia filmado com Fincher por quatro dias em "A Rede Social", interpretando Erica Albright, namorada fictícia de Mark Zuckerberg. Assim como Lisbeth, Erica era um tipo de anjo vingador, mesmo que de um tipo bem diferente – indiscutivelmente o único personagem no filme capaz de exercer qualquer poder real sobre o insensível e combativo Zuckerberg de Jesse Eisenberg, dispensando-o  na cena de abertura de maneira memorável num pub em Cambridge, Massachusetts, depois dele transformar o encontro dos dois num duelo verbal.

Embora o desempenho de Mara em “A Rede Social” tivesse chamado atenção, ela ainda precisava se provar. Até aquele ponto, Mara – nascida em The Bedford, Nova Iorque – filha de Chris Mara, vice-presidente do New York Giants, bisneta do fundador do Giants, Tim Mara, e irmã mais nova da atriz Kate Mara – tinha feito somente alguns papeis na TV e em filmes como “Rebelde com Causa”, e os indies pouco vistos “Dramas Adolescentes” e “Os Segredos de Tanner Hall”, além do remake de 2010 de “A Hora do Pesadelo”. No entanto, Fincher convocou Mara para uma audição, e o que se seguiu foi um árduo processo que durou mais de dois meses e envolveu cinco outras audições. Mas Mara foi persistente, e em agosto de 2010 Fincher a chamou em seu escritório, mostrou-lhe uma cópia de um comunicado de imprensa anunciando que ela havia sido escalada como Lisbeth, e lhe disse que ela tinha meia hora para decidir se queria o papel.

Claro, Mara aceitou o papel, e logo depois viajou para Estocolmo para começar a trabalhar no filme, que exigia que ela passasse por uma radical transformação física e emocional: ela passou fome para emagrecer; raspou metade de sua cabeça e tingiu o cabelo que restou de preto; descoloriu as sobrancelhas; começou a fumar; colocou vários piercings corporais, muitos dos quais estão à mostra no cartaz que tomou conta da internet em Junho; e imergiu totalmente no mundo difícil, brutal e violento de Lisbeth tal como o notoriamente exigente Fincher o enxergava, Fincher que, no final do processo, manteve-se convencido de que fez a coisa certa ao escolher Mara.

No entanto, depois de experimentar quase cinco meses de felicidade à la Larson juntos nos confins da Suécia, Mara e seu diretor ainda estão em condições de se falar. Na verdade, eles até parecem gostar um do outro. Portanto, com o fruto de sua parceria prestes a ser revelado, eles recentemente se reencontram no escritório de Fincher, em Los Angeles.

David Fincher: Então, me fale sobre este fim de semana passado. Você foi a um casamento e atacou uma pessoa?

Rooney Mara: Eu não ataquei ninguém.

FINCHER: Bem, diga-me especificamente o que aconteceu, como se eu fosse da sua equipe de advogados. Quão repreensível foi o seu comportamento?

MARA: Meu comportamento não foi tão ruim. Foi apenas muito chocante, porque eu nunca tinha feito nada parecido antes.

FINCHER: O meu entendimento é de que houve um bate-boca com uma figura entusiasmada e possivelmente embriagada, por volta dos 20 anos de idade e do sexo masculino, que, sem o seu consentimento, decidiu te levantar no ar.

MARA: Sim.

FINCHER: E começou a dançar com você como se você fosse algum tipo de brinquedo.

MARA: Sim.

FINCHER: E você respondeu agarrando sua laringe – com extrema violência.

MARA: Eu calmamente avisei que eu poderia...

FINCHER: Causar danos corporais.

MARA: Sim, avisei que eu poderia causar danos corporais graves, e que ele provavelmente deveria me colocar no chão.

FINCHER: Eu não posso te dizer como isso me deixa feliz.

MARA: Por quê? Eu não sei se esse foi um momento muito Lisbeth Salander.

FINCHER: Não, o que eu gosto é que esse foi um momento Rooney Mara.

MARA: Então você tem problemas em deixar alguém assumir o controle?

FINCHER: Não.

MARA: Tem certeza?

FINCHER: Absoluta.

MARA: Então você está dizendo que eu tenho passe livre para te perguntar qualquer coisa agora?

FINCHER: Não. Eu Não estou dizendo que sou bobo e vulnerável. Só estou dizendo que eu provavelmente responda honestamente qualquer pergunta que você fizer.

MARA: Ok, então. É verdade que, quando menino, você costumava fazer misturas de comida e encher a boca das bonecas com elas, para logo em seguida jogá-las fora na estrada?

FINCHER: Nós fazíamos isso – meu amigo Charles Atwood e eu. Minha irmã mais nova tinha provavelmente 10 ou 11 anos de idade na época, e ela tinha essa coleção de bonecas anatomicamente perfeitas... Elas pareciam bebês de 7 ou 8 meses de idade.

MARA: Anatomicamente perfeitas?

FINCHER: Eu não me lembro se elas reproduziam ou não os órgãos genitais com precisão, mas vamos colocar desta forma: elas não pareciam com uma boneca. Estavam mais para uma recriação de um bebê humano real.

MARA: Eu tinha uma boneca assim.

FINCHER: Você tinha? Bem, ela tinha umas cinco ou seis deles, e nós pensamos: ela não vai sentir falta de algumas. Por isso, nos as pegávamos e as entupíamos com hambúrguer e ketchup e depois as jogávamos na estrada.

MARA: E era algum tipo de experimento?

FINCHER: Eu classificaria como "divertimento geral".

MARA: Então, quais foram suas primeiras impressões sobre mim quando nos encontramos em “A Rede Social”? Você pensou que eu era como a personagem que eu acabei fazendo, Erica Albright?

FINCHER: Para ser honesto, eu realmente não tinha uma ideia fixa para Erica. Quer dizer, eu ficava dizendo para Laray [Mayfield, diretor de elenco], "Encontre-me uma Katharine Ross de 'A Primeira Noite de um Homem' (1967). Encontre-me essa garota". Eu precisava que o público analisasse imediatamente o personagem de Jesse Eisenberg. "Qual é o seu maior defeito? Por que ele iria dizer essas coisas horríveis para esta menina? Ela é tão obviamente gostável”. Um dia Laray veio até mim e disse: "Eu conheci essa garota. O nome dela é Rooney, e eu gostaria que você e Aaron [Sorkin, roteirista de A Rede Social] a conhecem”. Claro, depois disso, parti para a minha próxima preocupação: não poderia se tratar apenas de beleza. Ela tem que ser centrada. Ela tem que ser capaz de se manter em sintonia com Jesse e em oito páginas iluminar uma relação que eu não preciso realmente ver ou definir. Então a primeira coisa foi, como é que faremos de Erica alguém que não se seja de se jogar fora, mas também alguém que não leva desaforo? Ela não podia fazer o tipo da esposa maltratada. Lembro-me também, depois que filmamos essas cenas, de dizer adeus a você. Eu acho que dá pra ver no DVD você me dizendo: "Oh, tchau", e eu: "Oh, hey, obrigado", e eu me lembro de pensar que eu deveria ter dito algo mais agradável. Eu deveria ter dito: "Ei, muito obrigado. Isso foi realmente magnífico!" Lembro-me de me lamentar por não ter feito isso.

MARA: Sim, eu me lembro de você não ter dito nada agradável. [risos]

FINCHER: Não por falta de querer. Mas eu tinha 90 pessoas que eu precisava manter ocupadas...

MARA: Não guardei mágoa de você. Eu compreendo totalmente.

FINCHER: Você não parece entender isso no vídeo.

MARA: Eu não parecia estar chateada.

FINCHER: Você foi muito educada e agradável. Eu não me sinto mal, exceto quando me recordo. Você sabe como é quando as pessoas vêm para te visitar no set.

MARA: Honestamente, eu não fiquei ofendida. Eu só pensei que você era muito distante, e eu respeito isso, porque eu sou muito distante.

FINCHER: Eu não sou distante... Eu sou distante? Eu sinto que estou sempre cem por cento consciente de tudo o que está acontecendo. Mas, quero dizer, eu não converso sobre idiotices ou merdas inúteis...

MARA: Você não é tão distante quanto eu, mas você é. [Ambos riem] Quero dizer, quais são as quatro maneiras que as pessoas controlam umas às outras? Se fazendo de distantes, de vítimas, de generosas...

FINCHER: De vítimas, de opressoras, de distantes...

MARA: Talvez você seja um opressor.

FINCHER: Eu não sou um opressor.

MARA: Bem, ou você é um opressor ou é um distante. Você tem que escolher um. Você não é, certamente, uma vítima ou um generoso.

FINCHER: Eu sou um educador. Eu sou um calmo educador, você não acha?

MARA: [risos] Eu só acho que tudo isso é apenas um longo jeito de dizer que você realmente não tem uma primeira impressão sobre mim.

FINCHER: A primeira impressão que tive de você foi que você estava fisicamente impressionante e que você tinha um ar de grande confiança. A coisa na qual eu estava focado era na sua facilidade verbal. Quer dizer, nós testamos outras pessoas com Jesse que logo murchavam sob a pressão, e quando Aaron e eu conhecemos você, nós dois sentimos, "Achamos. Está no papo. Podemos seguir em frente”. Isso não acontece com muita frequência, quando a mão se encaixa na luva dessa maneira. É um grande alívio. Então, quando começamos a conversar internamente sobre quem era esta personagem de Lisbeth em “Os Homens Que Não Amavam as Mulheres”, eu acho que foi Cean [Chaffin, um dos produtores do filme], que disse: "E quanto a Rooney?" E ambos, Laray e eu, pensamos “Essa é uma ideia interessante..." Eu já havia começado a deixar clara para o estúdio a ideia de que não estávamos procurando uma Julia Roberts para o papel principal. Então eu comecei a meio que te imaginar em cada cena, você sabe, tipo pré-visualizando você...

MARA: Bem, isso não importa, porque na época eu estava tipo, "Ele provavelmente não deveria me escolher".

FINCHER: Por que você achava isso?

MARA: Porque eu não tinha lido os livros ainda. Mas é verdade ou não de que foi essa minha qualidade "centrada" que fez você, ou talvez não, mas que fez os outros se questionarem se eu poderia fazer ou não fazer esse papel?

FINCHER: Essa centralização era o que precisávamos de você, pessoalmente, a fim de ser capaz de fazer o trabalho de criar uma personagem verdadeiramente danificada. Não é algo que é, obviamente, transponível para Lisbeth. Eu não acho que ela tenha esse tipo de confiança. Eu acho que ela foi muito traída. Você quer alguém que possa interpretar isso, mas que não precisasse de reanimação emocional toda hora. E então, em algum momento durante esses incrivelmente rigorosos e irritantes dois meses em que você voltou cinco vezes para os testes de tela, tornou-se óbvio para mim que o que eu queria era aquele cachorrinho na janela – a última. Quanto mais as pessoas diziam não, mais eu dizia "Eu quero a menina que quer fazer parte disso mesmo não sendo encorajada a isso". Achei que você tinha todos os atributos físicos para interpretar a personagem, e, obviamente, eu sabia que você tinha as costeletas como atriz, mas eu realmente... Houve um momento em que foi realmente embaraçoso para mim te pedir para fazer mais uma coisa. Mas eu sabia na minha cabeça que acabaria funcionando porque era o que você queria.

MARA: Você não acha que alguma parte desse processo foi apenas você me testando...

FINCHER: Não. Por mais que eu desfrute da mitologia do meu sadismo, eu realmente prefiro ser encorajador. Eu prefiro muito mais quando eu tenho que dizer "O papel é seu".

MARA: Quando Laray me ligou antes dos primeiros testes de tela para “Os Homens, eu soube que você mandou para ela um e-mail dizendo, "Sabe, estou realmente interessado em Rooney, mas eu quero que você diga a ela essas coisas" – e lhe deu uma lista de coisas que eu teria que fazer caso eu conseguisse o papel. Você sabe, "Você vai ter que fumar. Você vai ter que ser estuprada. Você vai ter que ficar nua – bastante”. E ela acrescentou para mim “Você vai ter que andar de moto”. E essa foi a única coisa da lista em que eu disse “Eu não posso fazer isso".

FINCHER: Estupro você podia fazer. Você podia aprender a fumar. Mas andar de moto? Mara, não havia tantas coisas assim.

MARA: Havia um pouco mais.

FINCHER: Não era um campo minado.

MARA: Foi uma longa lista só para ler algumas falas para o diretor de elenco.

FINCHER: Não foi muito encorajador?

MARA: Foi muito encorajador. Foi aí que eu fui ler todos os livros e comecei a passar fome e voltei e fiz os testes de tela. Acho que foi um dia antes dos testes de tela que vocês acrescentaram a cena de sete páginas do estupro.

FINCHER: Prova de fogo.

MARA: Sim!

FINCHER: Mas você não gosta de ser testada dessa maneira? Você parece o tipo de pessoa que prospera sob esse tipo de pressão. Ninguém gosta de um chorão que desmorona.

MARA: Não, eu gostei.

FINCHER: Esse é o tipo de atitude que você esperaria de uma pessoa que vai interpretar este tipo de personagem.

MARA: Você tem que cortar a –

FINCHER: Choradeira... Mas eu realmente tenho muita empatia com a neurose da performance. Quero dizer, deve dar muita ansiedade ter que atuar em frente a uma câmera. Eu não consigo me imaginar fazendo isso. Já me pediram um par de vezes, e eu já fiz isso como uma brincadeira entre amigos meus, mas eu odeio isso. Eu sempre quero ser tão rápido e decisivo quanto eu puder ser.

MARA: Você parece realmente gostar de atores. Por quê? Nós não somos tão simpáticos.

FINCHER: Vamos colocar desta forma: eu tenho grande apreço por pessoas que fazem qualquer coisa assim. Eu acho que é muito difícil fazer bem o que você faz, e, você sabe, eu dependo muito da minha capacidade de estimular ou...

MARA: Então você está dizendo é que eu tenho muito mais controle sobre você do que eu pensava?

FINCHER: Eu não sei sobre o controle, mas vamos colocar desta forma: eu torço pelo elenco. Eu costumava pensar há 10 anos, "Quer saber, me dê tempo suficiente e eu consigo obter. Eu posso extrair qualquer coisa de quem quer que seja.” Mas eu não acredito mais nisso.

MARA: Você diria que é bom em ler as pessoas e descobrir o quanto elas são diferentes e que tipo de discurso elas requerem?

FINCHER: Bem, isso é somente a parte pré-escolar do processo. "Cada criança é diferente. Cada criança reage de uma maneira diferente.” Isso é psicologia básica. Serve apenas para fazer as pessoas se comportarem. Mas todos sabemos que isso só resulta em fingimento, você quer pessoas que estão prontas para explodir quando precisamos que elas façam isso. Eu as quero atacando foliões bêbados em casamentos. Isso é o que eu quero. Quero que as pessoas floresçam. Eu quero que elas terminem o projeto pensando "É assim que deveria ter sido". Quer dizer, eu não quero que as pessoas se comportem. Quero que as pessoas surpreendam-se, ao invés de dizerem "Oh, Deus, já refizemos isso umas 17 vezes ou o quê?"

MARA: Dezessete?

FINCHER: Sabe de uma coisa? Eu estou estou prestes a descobrir exatamente o nosso número médio de takes.

MARA: É provavelmente algo em torno desse número. Quer dizer, eu não acho que você tenha feito muitos. Acho que as pessoas gostam de exagerar sobre o número [de takes] que se leva para filmar.

FINCHER: Será que existem pessoas que realmente filmam dois ou três takes e depois seguem adiante?

MARA: Eu não sei... Provavelmente.

FINCHER: Quando você ouviu falar pela primeira vez sobre o papel de Lisbeth, você soube pela sua mãe. Sua mãe disse que você seria perfeita para isso, certo?

MARA: Minha mãe me mandou um e-mail porque não sou muito de me comunicar verbalmente, estou mais para uma “digitadora”. Mas ela me disse que um amigo dela tinha lido o livro e disse: "Oh, meu Deus. Rooney tem que fazer esse papel. Ela é perfeita para ele". Mas eu meio que excluí a mensagem. Eu ignorei.

FINCHER: Quando foi isso?

MARA: Faz mais ou menos dois anos. E então, quando eu soube que fariam uma versão americana da história, fui assistir a versão sueca do filme. Achei ótima, mas não deixei de pensar: "Oh meu Deus. Eu seria perfeita para isso".

FINCHER: Então, quando você veio para a audição, você achou que era totalmente por misericórdia?

MARA: Não, não achei, porque todas as meninas que foram ler as falas deviam escolher um poema que elas achassem que representasse a personagem e lê-lo com um sotaque sueco, o que eu pensei ser uma bobagem. Mas eu encontrei um poema e aprendi a lê-lo com um sotaque sueco, em seguida, dois dias antes de fazer o teste, disseram que eles queriam que eu lesse algumas cenas e que eu seria a primeira pessoa a ler as cenas. Então, joguei meu poema fora. Era um poema realmente bonito.

FINCHER: Quem escreveu?

MARA: Eu não me lembro agora... Então, o que você pensa de “Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” ser uma trilogia? Como você se sente sobre o segundo ou o terceiro livro e o seu envolvimento nessas histórias? Ficaria triste de deixar esses personagens e esses mundos?

FINCHER: Eu ficaria muito triste se as pessoas dissessem "meh", e se eles não fizessem o segundo ou terceiro. A segunda coisa mais triste seria se não me chamassem de volta. Vamos ver o que acontece... Então, entre a nossa despedida em “A Rede Social” e o período em que começamos a trabalhar em “Os Homens Que Não Amavam as Mulheres”, o que você fez?

MARA: Eu não fiz nada.

FINCHER: Você ficou apenas por aí?

MARA: Não, eu não queria fazer nada. Estava esperando por algo bom.

FINCHER: Então você estava saindo do ramo e nós te puxamos de voltar ou algo assim...

MARA: Sim. Eu nem tirei meu piercing na sobrancelha ainda.

FINCHER: Eu notei isso. Eu queria saber se foi algum tipo de demonstração de solidariedade, já que eu estava fazendo malditas jornadas de vinte horas... Mas eu percebi que você conseguiu suas sobrancelhas de volta, apesar de tudo.

MARA: Eu tive que recolocá-las por causa do meu dia-a-dia com a imprensa.

FINCHER: Então, quais são as grandes perguntas que as pessoas ficam fazendo sobre o filme? "Quantos takes David te fez fazer?"

MARA: Sim, todos querem saber: "Quantos takes?" e "Como você lida com isso?" E blá blá blá, o que é tão bobo. Eles querem saber sobre o seu processo. Mas você já tinha me mandado um e-mail dizendo que eu não estava autorizada a dizer qualquer coisa sobre o seu processo ou sua vida pessoal. Mas pelo fato de ninguém me conhecer, os tipos mais difíceis de perguntas são: "Você pode se descrever em quatro palavras?" ou "Quais são as quatro coisas que descrevem você?"

FINCHER: Gelo. Caixa de areia do gato. Eucalipto. Já é um começo.

MARA: Eu estou prestes a começar a usar essas. Eu estava pensando mais ao longo das linhas, como tímida...

FINCHER: Acanhada...

MARA: Tímida...

FINCHER: Eu não acho que você seja nem um pouco tímida.

MARA: Eu não sou.

FINCHER: Mas as pessoas acham isso de você. É tão engraçado.

MARA: Quem disse que eu sou tímida? Eu vou matá-los.

FINCHER: Talvez não tímida, e nem distante também. Eu te vejo como uma pessoa distante porque sei que você é tímida.

MARA: Alguém me perguntou sobre o que a tatuagem de dragão significava para a personagem.

FINCHER: O que você disse?

MARA: Eu disse: "não faço ideia".

FINCHER: Você deveria ter dito "Ela se relaciona diretamente com sua feminilidade" ou "É sobre a desumanidade do homem para com o homem..."

MARA: O que eu disse foi que eu achava que Stieg Larsson tinha uma resposta para essa pergunta, mas que nunca se descobriu qual era.

FINCHER: Então, o que você está fazendo agora? Você está lendo um monte de roteiros?

MARA: Eu estou muito cansada para trabalhar. Ainda estou procurando meu próximo filme. Tem esse filme da Disney no qual estou realmente interessada.

FINCHER: Qual é?

MARA: Eu não quero dar muita informação, mas envolve uma grande quantidade de água.

[Nota do editor: O número médio de duração de takes para cada cena em Os Homens Que Não Amavam as Mulheres foi de sete anos.]

Tradução e Adaptação: Igor Costa / Equipe Rooney Mara Brasil

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